Ventava, estava muito frio, e ela toda molhada. Chovia na cobertura do Hotel Ponta Verde, mas não era só chuva que corria no rosto da garota. Ela chorava, tentava não borrar a maquiagem pesada e negra sobre os olhos que a chuva lavava. Chuva e lágrimas. Noite de domingo, só fazia a sentir ainda pior. Sua franja quase que cobria seus olhos por completo, e suas roupas pseudo-coloridas estavam encharcadas. E não era pela chuva. Estava na sacada, sentada e pronta pra se jogar. Faltava-lhe coragem. E também faltava estar só.
- Qual o problema criança? - No terno, um jovem na casa dos 19, encharcado se aproximava da garota - Está esperando alguém que não virá mais?
- Quem é você?! - Surpresa, a garota não o conhecia - Como você chegou aqui?
- Não sou ninguém importante, muito menos como cheguei aqui. A única coisa importante é que eu posso ouvir o que você tem a dizer. - Ela cala, não move um músculo - Vamos, tente. Me diga o que te encomoda.
- Tudo! A vida não presta! Não tem porque continuar com tudo isso!
- Como assim? Este luar não presta? E essa chuva maravilhosa? E essa vista? Não são todos que podem desfrutar de um prazer desses, criança.
- De que adianta ver coisas bonitas se ninguém te ama? Se você está podre por dentro?
- Por que ninguém te amaria? Qual foi seu pecado pra que sua pena fosse não ser amada?
- Porque eu sou uma inútil! Meu pai me odeia, sempre reclamando das minhas notas, das minhas roupas, das minhas amigas e da música que ouço. Minha mãe mal fala comigo, e toda vez que aparece, é pra brigar feio com meu pai. Eles não entendem!
- Me pergunto se você chegou a dar a chance de te entenderem...
- Não adianta, quando não estou no meu quarto ouvindo música, tento falar com eles, e sempre estão ocupados com trabalho e coisas do tipo.
- Você me daria a chance de te entender?
- Você não é ninguém, esse terno não te dá autoridade entender nada.
- Não, não dá. Mas tenho certeza que não me proíbe de tentar. Por favor, tente.
- A verdade é que eu sou só. Ninguém nunca me entendeu, sempre fui excluída pelo meu jeito de vestir e agir, pelas músicas que ouço...
- Abra seu coração.
- Os professores me pressionam por causa das notas, ainda tem as pessoas que cassoam de mim na rua... As vezes dá vontade de criar asas e voar. Ir pra longe disso tudo, sabe?
- Perfeitamente. Voar te dá uma sensação de liberdade e leveza, maior que qualquer droga pode te dar. Além disso, te faz sentir invencível...
- Seria ótimo voar...
- Feche os olhos criança.
- Como assim?
- Feche os olhos e abra os braços.
De braços abertos e olhos fechados na sacada. Sentiu braços segurando-a. Começou a cair, ele havia se jogado junto com ela, o chão se aproximava com velocidade, ela fechou os olhos novamente e esperou o fim... Que não veio.
Abriu os olhos novamente, e estava ascendendo. Olhou para trás e viu asas. Aquele jovem de terno era seu anjo da guarda, e a levava ao paraíso. Ela finalmente estava voando. Viu a cidade que tanto odiou ficando distante. Estava cansada e seus olhos pesavam.
- Obrigado... obrigado...
- Sehriel, pode me chamar de Sehriel, criança...
Dez da manhã de segunda, a garota acorda em sua cama. Se levanta, vai ao banheiro. Olha para seu reflexo e sorri como nunca sorriu antes. Cortou a franja, vestiu roupas brancas e azuis. Está prestes a sair de casa, quando uma pena branca cai em sua mão. Um sorriso brota em seu semblante enquanto ela fecha a porta e sai.
- Qual o problema criança? - No terno, um jovem na casa dos 19, encharcado se aproximava da garota - Está esperando alguém que não virá mais?
- Quem é você?! - Surpresa, a garota não o conhecia - Como você chegou aqui?
- Não sou ninguém importante, muito menos como cheguei aqui. A única coisa importante é que eu posso ouvir o que você tem a dizer. - Ela cala, não move um músculo - Vamos, tente. Me diga o que te encomoda.
- Tudo! A vida não presta! Não tem porque continuar com tudo isso!
- Como assim? Este luar não presta? E essa chuva maravilhosa? E essa vista? Não são todos que podem desfrutar de um prazer desses, criança.
- De que adianta ver coisas bonitas se ninguém te ama? Se você está podre por dentro?
- Por que ninguém te amaria? Qual foi seu pecado pra que sua pena fosse não ser amada?
- Porque eu sou uma inútil! Meu pai me odeia, sempre reclamando das minhas notas, das minhas roupas, das minhas amigas e da música que ouço. Minha mãe mal fala comigo, e toda vez que aparece, é pra brigar feio com meu pai. Eles não entendem!
- Me pergunto se você chegou a dar a chance de te entenderem...
- Não adianta, quando não estou no meu quarto ouvindo música, tento falar com eles, e sempre estão ocupados com trabalho e coisas do tipo.
- Você me daria a chance de te entender?
- Você não é ninguém, esse terno não te dá autoridade entender nada.
- Não, não dá. Mas tenho certeza que não me proíbe de tentar. Por favor, tente.
- A verdade é que eu sou só. Ninguém nunca me entendeu, sempre fui excluída pelo meu jeito de vestir e agir, pelas músicas que ouço...
- Abra seu coração.
- Os professores me pressionam por causa das notas, ainda tem as pessoas que cassoam de mim na rua... As vezes dá vontade de criar asas e voar. Ir pra longe disso tudo, sabe?
- Perfeitamente. Voar te dá uma sensação de liberdade e leveza, maior que qualquer droga pode te dar. Além disso, te faz sentir invencível...
- Seria ótimo voar...
- Feche os olhos criança.
- Como assim?
- Feche os olhos e abra os braços.
De braços abertos e olhos fechados na sacada. Sentiu braços segurando-a. Começou a cair, ele havia se jogado junto com ela, o chão se aproximava com velocidade, ela fechou os olhos novamente e esperou o fim... Que não veio.
Abriu os olhos novamente, e estava ascendendo. Olhou para trás e viu asas. Aquele jovem de terno era seu anjo da guarda, e a levava ao paraíso. Ela finalmente estava voando. Viu a cidade que tanto odiou ficando distante. Estava cansada e seus olhos pesavam.
- Obrigado... obrigado...
- Sehriel, pode me chamar de Sehriel, criança...
Dez da manhã de segunda, a garota acorda em sua cama. Se levanta, vai ao banheiro. Olha para seu reflexo e sorri como nunca sorriu antes. Cortou a franja, vestiu roupas brancas e azuis. Está prestes a sair de casa, quando uma pena branca cai em sua mão. Um sorriso brota em seu semblante enquanto ela fecha a porta e sai.
5 Comments:
Verme. Só pra me deixar com vontade de jogar...
Anyway, tá foda. A caracterização do personagem está excelente... Espero que você consiga interpretá-lo da mesma forma.
Eu quero jogar RPG, merda de vida mesmo. Acho que eu vou me jogar de janela. Me salva, Pooh? xDD
Amei o texto!
adorei *-*
diferente de outros textos seus... o final... =]
gostei muito mesmo ;]
=******
não sei porque, mas esse texto me fez pensar em mim, na roupa que eu vou vestir amanhã, em como vai ser meu dia, como vou me portar, etc, etc...
saco.
Postando de no só pra ti ver que atualizei essa bodega. Faz favor de fazer o mesmo!!!
Beijo, seu praga
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