Salto Mortal
Encarava o espelho há horas. Não podia acreditar no que acabara de acontecer. Não conseguia se imaginar sozinho ou com outra pessoa. Não havia outra pessoa. Sua pequena e sensual fonte de esperança o havia deixado e não havia sinal algum de remorso quando se viram pela última vez. Estava perdido.
Suava. Um calafrio, seguido de outro, e mais outro.
Meu sentimento agora é musicado
Enquanto canto o mundo fica calado
40º em ambiente congelado
Para que a aflição aumente de estado
Como um vulcão que chora lava
Como um dragão que não amava
Como um poeta sem palavra
Como um sonhador que não sonhava...
[Um cigarro na boca. Um copo de whiskey com gelo do lado. Ela se depilava com uma gilete cor de rosa. Do Amapá.]
Com a força de um urso, abraça o travesseiro. Chorava há horas. Não entendia porque ou como. Tentava limpar a mente, esqueçer, repetidas vezes. Falhava. Seu sorriso, seus olhos, seu cabelo, sua língua, seu cheiro; Tudo convertido em lágrimas de um coração partido.
De pé, sentia seu coração estilhaçado nas pontas dos dedos, na sola do pé, ali pisados. Todos ali distribuídos em todos aqueles cacos de espelho. Doía, e muito. Sua boca estava seca e amarga. Agarrou a fotografia dela que ainda pairava no criado-mudo e ameaçou jogá-la contra a parede. Recuou, colocou-a de volta no lugar. Encarou-a.
Uma lágrima sem choro caia.
A minha cama agora me abraçava e as lágrimas
Escorriam pelo rosto
Eu procurava mas não achava nada
Só encontrava teu rosto, sentia teu gosto
E só ouvia a tua voz
Mas tudo que eu sentia
Foi derramado em meus lençóis
A mágoa amarga demora pra adocicar
A minha ferida vai demorar pra cicatrizar
O tempo não vai apagar
Mas se mudar de idéia vou te esperar
Não sei como parar de te amar
Nem sei se devo tentar...
[Se vestia. Roupas pretas, Allstar. O piercing de sua língua brincava com a cruz invertida que pendia no seu pescoço.]
Saiu de casa, esbarrou com a vizinha e quase a derrubou. Seus olhos inchados e avermelhados não mentiam. Como ela o convenceu de parar e desabafar com ela não sabe, mas o fez. Não importava, a luz no fim do túnel se apagara, não tinha um caminho a seguir. "Meu anjo..." ela repetia enquanto o abraçava. "Anjos não choram." Ele rebatia. "Não importa, você chora" Ela o acalmava. Por que se importar? Quem afinal disse que anjos não choram por paixão?
Como podia imaginar que eu ia me apaixonar de novo
E que tudo ia acabar como um sopro
Que bateu e te levou
Agora não sei mais quem eu sou
Pra onde vou
Sem essa luz que me guiava
Anjos não choram
Não importa eu chorava
Não me calava
Não me cansava
Enquanto o coração acelerava
Meus pés já não tocavam o chão
Quem disse que anjos não choram
Por paixão?...
[Vagava sem rumo. Queria um pouco de diversão. Divertir alguém e se divertir as custas dele. Ria histericamente consigo mesma]
Sua vista estava embaçada quando percebeu que subia as escadas desesperamente em direção ao terraço. Subiu no parapeito e abriu os braços. estava com medo, mas decidido. Mais uma vez sua vizinha aparecia, seu semblante tinah mais medo que o seu. Fechou os olhos. Respirou fundo pela última vez. De costas, pulou. Girou perfeitamente até cair com a fronte no chão.
16 andares.
Eu fecho os olhos e respiro fundo
Eu pulo paro o salto final
É arriscado é o último salto
Salto mortal
Salto mortal.
[Parece que o tempo parou naquele instante. Ela ouviu um grito e olhou para cima. O rosto dele a encarava. Seu último brinquedo estava ali voando de braços abertos e descendo em sua direção. Lentamente, atingiu o solo e se espalhou no mesmo. Seu brinquedo havia se quebrado.]
---------------------------------------------------------------------
Nariz sangrando, de barriga para o chão, levantava-se com o corpo dolorido. Parecia ter caido do topo de um prédio. Logo em seguida a garota enrolada em seus lençóis banhados de sentimento, sua vizinha da última vez que havia checado, disse enquanto carinhosamente ajudava com o ferimento.
- Essa é a primeira vez que eu vejo um sonânbulo dando um salto mortal e caindo de cara no chão...
Suava. Um calafrio, seguido de outro, e mais outro.
Meu sentimento agora é musicado
Enquanto canto o mundo fica calado
40º em ambiente congelado
Para que a aflição aumente de estado
Como um vulcão que chora lava
Como um dragão que não amava
Como um poeta sem palavra
Como um sonhador que não sonhava...
[Um cigarro na boca. Um copo de whiskey com gelo do lado. Ela se depilava com uma gilete cor de rosa. Do Amapá.]
Com a força de um urso, abraça o travesseiro. Chorava há horas. Não entendia porque ou como. Tentava limpar a mente, esqueçer, repetidas vezes. Falhava. Seu sorriso, seus olhos, seu cabelo, sua língua, seu cheiro; Tudo convertido em lágrimas de um coração partido.
De pé, sentia seu coração estilhaçado nas pontas dos dedos, na sola do pé, ali pisados. Todos ali distribuídos em todos aqueles cacos de espelho. Doía, e muito. Sua boca estava seca e amarga. Agarrou a fotografia dela que ainda pairava no criado-mudo e ameaçou jogá-la contra a parede. Recuou, colocou-a de volta no lugar. Encarou-a.
Uma lágrima sem choro caia.
A minha cama agora me abraçava e as lágrimas
Escorriam pelo rosto
Eu procurava mas não achava nada
Só encontrava teu rosto, sentia teu gosto
E só ouvia a tua voz
Mas tudo que eu sentia
Foi derramado em meus lençóis
A mágoa amarga demora pra adocicar
A minha ferida vai demorar pra cicatrizar
O tempo não vai apagar
Mas se mudar de idéia vou te esperar
Não sei como parar de te amar
Nem sei se devo tentar...
[Se vestia. Roupas pretas, Allstar. O piercing de sua língua brincava com a cruz invertida que pendia no seu pescoço.]
Saiu de casa, esbarrou com a vizinha e quase a derrubou. Seus olhos inchados e avermelhados não mentiam. Como ela o convenceu de parar e desabafar com ela não sabe, mas o fez. Não importava, a luz no fim do túnel se apagara, não tinha um caminho a seguir. "Meu anjo..." ela repetia enquanto o abraçava. "Anjos não choram." Ele rebatia. "Não importa, você chora" Ela o acalmava. Por que se importar? Quem afinal disse que anjos não choram por paixão?
Como podia imaginar que eu ia me apaixonar de novo
E que tudo ia acabar como um sopro
Que bateu e te levou
Agora não sei mais quem eu sou
Pra onde vou
Sem essa luz que me guiava
Anjos não choram
Não importa eu chorava
Não me calava
Não me cansava
Enquanto o coração acelerava
Meus pés já não tocavam o chão
Quem disse que anjos não choram
Por paixão?...
[Vagava sem rumo. Queria um pouco de diversão. Divertir alguém e se divertir as custas dele. Ria histericamente consigo mesma]
Sua vista estava embaçada quando percebeu que subia as escadas desesperamente em direção ao terraço. Subiu no parapeito e abriu os braços. estava com medo, mas decidido. Mais uma vez sua vizinha aparecia, seu semblante tinah mais medo que o seu. Fechou os olhos. Respirou fundo pela última vez. De costas, pulou. Girou perfeitamente até cair com a fronte no chão.
16 andares.
Eu fecho os olhos e respiro fundo
Eu pulo paro o salto final
É arriscado é o último salto
Salto mortal
Salto mortal.
[Parece que o tempo parou naquele instante. Ela ouviu um grito e olhou para cima. O rosto dele a encarava. Seu último brinquedo estava ali voando de braços abertos e descendo em sua direção. Lentamente, atingiu o solo e se espalhou no mesmo. Seu brinquedo havia se quebrado.]
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Nariz sangrando, de barriga para o chão, levantava-se com o corpo dolorido. Parecia ter caido do topo de um prédio. Logo em seguida a garota enrolada em seus lençóis banhados de sentimento, sua vizinha da última vez que havia checado, disse enquanto carinhosamente ajudava com o ferimento.
- Essa é a primeira vez que eu vejo um sonânbulo dando um salto mortal e caindo de cara no chão...
2 Comments:
Confuso, mas de um jeito legal. Tem gosto de música dos Smiths, com um tempero de Medulla, óbveo. Me lembrou da(s) Susi(es) que têm por aí. E o pior que as vezes me dá uma vontade de esbarrar com um a nova susi por uma dessas ruas da vida...
Por que ninguém entendeu que ele pegou a vizinha? ;__;
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