Saturday, March 26, 2005

Rotina

"BIIIP! BIIIP! BI..."
Infernal. É a única palavra que pode descrever o rugido agúdo do monstro chamado Despertador. O terror que ele provoca é tão grande que em frações de segundo, ele salta da cama e alcança o ponto fraco da fera e a silencia. Depois do reflexo do pânico, todo o cansaço e sono voltam a seu corpo, o jogando de volta na cama. Dois minutos depois, cria forças pra se levantar e ir ao banheiro.
"Ô seu Merda, Te conheço?"
Com a face afetada pelo castigo do despertar, fica difícil que reconheça seu próprio rosto diante do espelho. Com ajuda da gravidade, abaixa a cabeça, molha-a e esfrega os olhos. A vista está menos embaçada, pega sua escova-de-dentes, coloca o primeiro creme dental que achar, e repete o mesmo ritual de todos os dias: escova os dentes, o céu-da-boca e a língua até ter ânseas de vômito.
"Caralho! A toalha."
Volta a seu quarto, arranca a toalha de onde ela estiver enganchada, e retorna ao banheiro. Trinta segundos de água corrente sobre sua cabeça baixa é o suficiente para que começe o banho de verdade. Volta ao quarto desejando ter lembrado de deixar tudo arrumado na noite passada. Se veste, passa a mão no cabelo molhado, e que vai continuar assim enquanto as leis da física permitirem, e vai a cozinha.
"O que eu como?"
Dez minutos sem responder uma única pergunta. Fica indo de um lado a outro sem saber o que fazer, até que chegue a hora de sair, sem o desjejum. Tem que andar rápido, não são todas as carteiras que são protegidas do sol. São cerca de vinte minutos de caminhada, o sol parece cada vez mais irritante e seu ombro e joelho não colaboram. O visual nunca muda: Primeiro o SENAI, depois a mínima pracinha rodeada por casinhas simples, o beco, o viaduto e sua confortável e enorme sombra, e toda a enorme calçada do colégio.
"Eu estudei aqui ano passado?"
A cada dia que passa, aquele estabelecimento fica cada vez mais estranho. Pessoas estranhas, cantina fechada e a sensação de não mais ser "calouro". Primeiro o bebedouro: "Água Sanitária, não beba!". Ele tem de beber, sem nada no estomago não duraria muito tempo. Em seguida a rampa, e o esforço para manter a coluna ereta ao subir.
"Ae, meu lugar."
Joga a mochila na carteira, e coloca o estojo na da frente. Tem de guardar esse lugar se não vai se sentir mais solitário que o normal, e mais entediado também. Basicamente, fica sentado esperando o tempo passar e pouco antes da aula começar, sobe e bebe mais um pouco d'água, "não tão sanitária" dessa vez. A aula passa, com ou sem professor, ela passa. Seria mais estressante se não tivesse alguém com quem conversar, agora ele descobre por que sempre guarda aquele lugar da frente.
"Aaaaaacabou, finalmente."
São mais vinte minutos de caminhada em baixo do sol do meio-dia até sua casa. o único prazer dessa caminhada é saber que até o fim do dia, nada de escola. O programa da tarde é sempre o mesmo: Estudar, voltar para a escola para aula de educação física, aula de violão, curso de inglês ou sair. Até a noite, nada de descanso.
"Mãe, o que tem pra jantar?"
Finalmente acabou, agora sim um merecido descanso. Televisão e jantar sempre fazem parte da noite. Regularmente pega no violão pra praticar, mas nada exaustivo. Respirar é bom, faz maravilhas depois do stress do dia-a-dia.
"21:50, Sleep Time"
Por fim, desliga as luzes, e os pensamentos vem a tona. "Que dia chato", "Nunca acontece nada", "Eu preciso de férias", "Por que eu sou tão idiota?", "ODEIO aquela professora"... Demora a pegar no sono. Único momento em que a palavra "PAZ" tem sentido. E rapidamente o tempo passa, para que novamente, o monstro Despertador possa dar início a um novo dia igual ao anterior...

Sunday, March 13, 2005

Conseqüências de uma vida sem graça

Um; A cada dia você fica mais chato e entediante.
Dois; Depois de tanto sonhar com um amanhã interessante, você quebra a cara e acha que um atómo é enorme comparado a você.
Três; Você tem delírios, acha que vai aparecer alguém e vai mudar sua vida, que você vai ser fez.
Quatro; O pouco tempo que costumava ser dedicado a trabalho e similares fica vinte e quatro vezes maior e você fica completamente sem tempo pra pensar em se divertir.
Cinco; Se você era de poucas palavras, agora é de poucas letras.
Seis; Quando se consegue algo divertido para fazer, surgem inúmeros afazeres de última hora; Você nem se diverte, nem faz o que devia.
Sete; Quando você se sente triste e por natureza age como se nada tivesse acontecido, e se nem seus melhores amigos conseguem perceber isso, considere-se completamente fudido e com um final trágico.

Soluções: Por enquanto não surgiram nenhuma, mas caso o mundo venha a acabar e a situação melhorar, eu aviso...