A Silver Bullet and some Scars...

"Algumas chaves douradas, um cigarro, uma bala de prata, uma arma, um papel e uma caneta. Apenas isso que possuo. Sentimentos? Amores? Amigos? Não, não tenho nada disso. Me tomaram tudo isso. Eu tinha sonhos, mas eles foram despedaçados junto a minha esperança e vontade de viver. Agora me vejo aqui a escrever em frente a uma janela do 5º andar, que costumava ser minha janela, até que aquela carta de despejo chegasse por baixo da porta. É meu último dia. Esperava olhar por entre a janela em que tanto sonhei e fazê-lo novamente. Mas estou aqui vendo essa cena enojante.
Eles estão indo se deitar. Ela o toca, ele tira seu vestido... Eu não posso olhar! Isso está me matando e tomando controle...
Estou cansado disso. Não quero mais viver uma tragédia. Perdi forças e não vejo como recuperá-las. Estou furioso e não posso descansar. Sinto sangue em minha boca, creio que mordi meus lábios com força demais. Ela me forçou a isso. Ela me usou e me feriu até que não restasse mais sangue como este em minha boca. Sugou inclusive minha habilidade com as palavras, me obrigando a escrever apenas pensamentos fúteis e mal organizados como esses. O que me resta é ouvir aquelas palavras que ouvi no rádio: "Say something. Say any, anything at all. Make a move". Sábias palavras. Que tornarei real ao dizer: Acabou.
Sábado, 13 de agosto de 2005."
Em poucos movimentos, levou a bala a arma, e a arma a boca......... Disparou.

...




"Mulher assassinada, encontrada com um bala de prata na cabeça. O amante da vítima teve prisão preventiva por ter sido visto escondendo o corpo num coletor de lixo. Não há provas concretas de que o amante a tenha matado. Machete do Jornal local, exemplar de Domingo, 14 de agosto de 2005.
Agora nesse jornal roubado posso escrever. Ao menos meu "movimento" é reconhecido, pena que não por minha pessoa. Acabou. Mas minhas feridas apenas começaram a cicatrizar..."