Wednesday, November 29, 2006

Doença Abstrata

- Por que eu estou fazendo um trabalho de colégio aqui sentado no shopping? Mas que diabos... Olha lá, minha prima e os amigos dela, eu conheço um deles, os outros não. Oi Ana, oi Henrique. Tchau Ana, tchau Henrique.
Uma garota do grupo ficou, encostou seus joelhos no jovem sentado como se dissesse "Ei, eu estou aqui". Ele a pega pelas pernas e a faz sentar, põe o trabalho de lado e indaga.
- Fazendo o quê por aqui?
- Advinha.
Aqueles olhos que não conseguiu destinguir que cor tinham, pois nada parecia ter cor no momento, eram tão penetrantes e provocantes que calibre 43 era pouco pra tamanho poder de fogo. Não pensou em uma resposta, não teve tempo, antes disso ela já se punha a beijá-lo. Pode sentir sua língua dançando um belíssimo tango entre suas bocas, foi ótimo, o melhor de todos. Ele achou sua resposta.
- Você sabia que eu gostei de você, não é?
Ela acena com a cabeça positivamente.
- Você é bonita, mas eu nem te conheço.
Acena positivamente, de novo.
- Por que você está aqui? Quando foi que eu voltei a pensar depois que perdi você de vista da pizzaria e antes dessa noite? Você vai me responder?

Vista embaçada, o teto branco no quarto escuro, 12 minutos até que o despertador toque. Por que sonhar? Por que ela? Você não vai ter coragem de pedir a sua prima pra te apresentar a ela, nem de pedir pra que ela te ajude, nem vai ter coragem de fazer alguma coisa, nem vai saber o que fazer, e provavelmente, conhecendo sua prima, não vai querer prolongar isso por muito tempo. Por que então? Vá pra escola, faça sua prova e jogue bola. Esqueça. Faça o favor a si mesmo e não deixe que isso vire uma doença, da outra vez foi aceitável, era coisa do passado, mas agora é, no mínimo, doentio. Let it go. Expresse, ponha pra fora, e não deixe voltar. Durma.

Saturday, November 25, 2006

Pré-Ressaca

Dançava. Tropeçava. Fazia poses e gestos estranhos. Trupicava. Caia e rapidamente levantava como se tivesse caído de propósito. Mais um pouco de dança. Soluços. Socos? Chutes?!
A outra pessoa o via com uma cara de "What the fuck?!". Duas branquelas com o nome Natasha na camisa jaziam no canto da sala, vazias. Interrompe-se o silêncio.
- Cara - diz o espectador - o que diabos você tá fazendo?!

- Treinando.
- Como é?! Cara, quanto você bebeu?!
- Menos que o suficiente. Ainda consigo ficar de pé ó. O bom mesmo é ficar bambinho da silva e sem forças pra ficar de pé, aí dá um treininho legal.

- Do que diabos você tá falando!?
- Druking Boxing. A arte da de lutar bêbado.
- Cara, você precisa duma garota.
- Eu sei, é é por isso que eu tô treinando, ué. Amanhã não pode ser menos que ótimo, não vou deixar essa seca acabar com meu fim de semana.

- É, e uma ressaca não vai ajudar em nada. Vamos, eu te levo pra casa.
- Você vai ter que me pegar antes! Sinte meu hálito fatal!

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É, eu acho que isso era pra ficar engraçado. Bah, pouco importa, o importante tá aí: Drunking Boxing e Álcool. E o show de amanhã que vai ser foda, e não vai ser uma seca que vai estragar meu fim de semanda. Um assaltante talvez. E eu juro que eu não bebi enquanto brincava de drunk boxer. Só Coca-Cola. Beba Água Mineral e seja feliz.

Wednesday, November 15, 2006

Ódio, o passo que sucede o Amor

- Ei, pra onde você tá indo, garota?
- O que você acha? Vou embora.
- E aquele papo de "eu vou te amar pra sempre" e "eu nunca vou deixar sair de perto de mim"?
- Eu chamo isso de coisa-que-se-fala-pra-conseguir-uma-foda-com-um-bonitinho-fracassado-qualquer.
- Aha! Mas você que enlouqueceu sem limites. Não vai me dizer que não vai querer bis?
- Não, se repetir enjôa.
- Enjôa?! Então você deve ter se enjoado um bocado, né? Queria saber como você não vomitou. Eu até perdi a conta de quantos "Vai! Vai! Vai!" e "Não para! Mais rápido!" você gritou no meu ouvido. Enjôa é?
- Eu odeio essa sua cara de cínico. E você sabe, não começa.
- Qual foi o placar mesmo? Pode ir, mas me diz quantas vezes você gozou e quantas eu gozei. Diz!
- Quinze a quatro...

- Haha! E você enjoou. Sinto muito por você... HA! Ô se sinto!
- Você não presta mesmo.
- E também sou enjoado. Mas você não vai vomitar mais não é?
- Olha aqui seu filho duma puta, vê como você fala comigo que eu não sou uma qualquer não! É melhor você me respeitar senão...
- SENÃO O QUÊ?! Enjoa?
- Eu não vou me rebaixar a tal nível...
- É lógico que não, por que você não é uma qualquer. É A qualquer. E eu não vou te deixar ir embora sem um grand finale. Você sabe que eu te amo, coração.
Um sorriso escapa por entre seus lábios.
- Você não presta mesmo, haha, e eu tenho um puta mal gosto.

Embaixo dos lençóis, a briga tem seu fim. E não vão se ver por um bom tempo.