Saturday, November 12, 2005

Photograph

"Tinha pego carona num caminhão de carga. "Sinto muito, mas aqui só tem espaço do lado das galinhas" Foi o que ele disse. O última parada era um tanto nostálgica. Em fatos, estava na minha cidade natal...
As mesmas lojas, as mesmas árvores, as mesmas orquídeas de primavera. A cada esquina, a cada avenida, a cada casa, todas me traziam flashes de quando era apenas um pequeno diabinho em sua inocência. A praça, que praça! Bons tempos aqueles de subir nas árvores e sentir o vento na copa das árvores. Sentei. Nesse mesmo banco eu dei meu primeiro beijo. Foi divertido, ela se levantou, correu e gritou "Agora se você conseguir me pegar eu te dou outro desse!". Ha! Sorte minha que estava acostumado a correr de valentões-brutamontes muito mais rápidos que ela. E estava tarde, era hora de ir pra casa...
Minha casa. Ainda não conseguiram vendê-la? Por que não tiraram essa placa de "Vende-se" mofada dessa casa-fantasma? Preciso de algum lugar pra dormir, e não vou arriscar dormir ai tendo a chance de acordar com um teto desabando sobre mim. Mas... Sim! Andei até o quintal e estava lá: Minha casa na árvore.
Subi cada degrau cautelosamente pra nçao quebra nada, me expremi um pouco e consegui entrar. Estava uma zona. Mas era perfeita. Desfiz meu saco de dormir ali mesmo e fechei os olhos...
Antes que pudesse pensar em dormir, me ergui. Fui até o tronco da árvore que sustentava a casa, e achei. Lá estava meu velho baú, trancado com seu velho cadeado. Quebrei o cadeado, abri o baú e pus-me a sorrir entre lágrimas.
Velhas fotos, alguns brinquedos e mais. Haha, lembro-me bem de cada uma dessas fotos, cada momento, cada segundo... Como foi difícil deixar esse lugar, mais difícil ainda seria ficar nele. Bons momentos, boas histórias, boas garotas e bons amigos. Todos se foram, e estou eu aqui, enrolado num saco de dormir, desejando que tudo fosse diferente, desejando não ter conhecido aquela garota, não ter comprado aquela arma, nem ter ganhado aquela bala de prata. Desejando não ter perdido a esperança de ter um dia melhor...
Tomei as fotografias comigo, abracei-as contra meu peito, e adormeci então...
Sábado, 12 de Novembro de 2005"

Tuesday, November 01, 2005

Noite e Esperanças

A areia da praia está fria. É confortante deitar e ficar fazendo anjos no chão. O céu está perfeito. As estrelas estão bem distribuídas e a lua cheia. Enorme, redonda e branca. O vento está forte, mas não suficiente para jogar areia em tudo. Está tudo perfeito...
Era linda. Deitada em seu peito, a garota de longos cabelos... Divinamente azuis como o céu que já havia partido. Suas mãos carinhosamente passeavam em sua face, e sua cabeça repousava próxima a dele, visando o mar e o reflexo da lua no mesmo. Ela se vira. Estão a se fitar, os lindos e penetrantes olhos da garota o hipnotizavam. Uma imensa aurora surgiu na face da garota. Seu sorriso não era nada menos do que uma visão do paraíso, o paraíso que ele se pôs a alcançar. Foram-se alguns minutos antes de voltar ao mundo real. Fitaram-se novamente. Mais uma vez a aurora...

- Sabe, as vezes eu daria tudo para que do tempo passasse mais rápido, para que tudo acabasse logo - Disse ele - Mas... Agora tudo que eu queria é que o relógio do mundo parasse e não deixasse esse momento acabar... Nunca.
A aurora novamente.
- E não vai acabar. Só vai dar um tempo pros dois personagens aqui tomarem um cafezinho, dormirem um pouco e voltarem as suas devidas posições. Não vai acabar.
- Mas o que me garante que isso não é só um sonho? Como que vou saber que isso não vai acabar assim que a lua afunde no mar e afogue toda minha felicidade?
- Feche os olhos - ele obedece, para que ela o beije em seguida - sentiu isso? Foi bom? Agora abra os olhos - beija-o novamente - Então agora saiba que toda vez que você abrir os olhos, toda vez que um sonho acabar, eu vou estar do seu lado pra te receber com um beijo como esse.
Com lágrimas nos olhos, ele a abraça com força. Assim, juntos, permaneceram por um bom tempo. Até que, em um só som, eles interromperam: - Te amo.
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Abre os olhos. O teto branco parece mais triste que o normal. Ele olha para o lado, e nada. Não tem ninguém do seu lado na cama. Ele fecha os olhos. Está prestes a chorar...
Um beijo. Abre os olhos. A aurora.
-Bom dia! ^^