Saturday, September 10, 2005

Necessidade do Ausente

"Andei por muitas horas. Reuni os poucos trocados que ainda me restaram e resolvi não passar a noite num banco de praça. Era um pequeno lote de terra recheado de "chalés". Todos faziam silêncio e evitavam o contato com o vizinho. Minha cabana, assim como todas as outras, tinham uma espécie de varanda. Estendi a rede que achara empoeirada num dos cantos do casebre na varanda e pus-me a escrever.
Rabiscos sobre os dias que se passaram, experiência em bares e histórias de bêbados. Lixo. Larguei as notas e fitei as estrelas esperando reação por parte das mesmas. Quando finalmente percebi que não me davam valor, e que o toco estava óbvio, decidi lançar meu olhares a Lua.
Tão bela. Tinha face arredondada e pele tão brancas como a neve do inverno, suas lindas cabeleiras negras se camuflavam no escuro do céu que poucos podiam os ver. Sua beleza era tanta que brilhava em meio a escuridão, emanava a luz do amor e encantos do anoitecer. Seu olhar: Indescritível. Estava a me fitar. Mas não me devolvia os olhos apaixonados que eu oferecera, mas demonstrava olhos piedosos e atenciosos. Mas por quê?
Então foi aqui que percebi o que tanto aflingia minha musa. Eu. Senti que algo me faltava, que precisava de algo pra me fazer sorrir o que eu sou, e não apenas um semblante de felicidade falsa.
Eu... Eu... Eu necessitava de meus sentimentos outra vez. Ódio, rancor, tristeza erão combustíveis para minha jornada... Amor talvez. Mas esses sentimentos não podiam existir sem algo para os sustentar. Em resumo: Precisava de Alguém...
A solidão me agarrou com força quando formei estas palavras em minha mente. Não me motivei a lutar para fugir de suas garras. Estava só. E só não podia criar forças para voltar em minha busca pela minha ex-amiga Felicidade...
Sábado, 11 de Setembro de 2005"


Lentamente os olhos foram se fechando, e antes que caisse em sono profundo, uma lágrima percorreu sua face...