Minha Estação
Frio.
Tanto meu coração
quanto minha estação.
Formosa é lua que paira no céu escuro,
ilumina minha estrada, e me indica o caminho.
Caminho da solidão
ou da minha estação?
Caminhando sem rumo
na estrada molhada pelas lágrimas do céu
junto ao frio, caminho sem desejar
em algum momento, chegar em algum lugar...
Sentimentos
Olhava para o vento, não sabia o que pensar, estava ali, sentado num galho largo no topo de uma árvore, apenas sentindo as gotas de chuva ensoparem aos poucos todo seu corpo...
O futuro era preocupante, a guerra eminente e a chacina não seria das menores... Mas não lhe importava. O que sentia era mais importante, era confuso demais, não tinha a mínima idéia de como lidar com isso, não conseguia tirá-la da cabeça...
O sol começava a se por. E a chuva continuava. Insistia em tocar sua face com tamanha delicadeza de um agrado. Era água, nada melhor para lembrar dela...
Um aperto no coração. Era apenas o que sentia. Fechava os olhos e na escuridão enxergava a imensidão azul oceânica de seus olhos, as coradas maçãs de seu rosto decoradas com um singelo e cativante sorriso embaraçado, em meio de suas curtas cabeleiras negras. Seria difícil imaginar que depois de tantos tapas, pontapés, espadadas e tentativas de afogamento ele se sentiria... assim.
Cada vez mais que desfrutara de sua presença sentia que não podia mais a deixar. Nunca havia agido dessa maneira antes, nunca havia lhe brotado um sorriso apenas por ver alguém, nunca havia sentido falta de uma pessoa desse jeito. Havia lidado com muitas situações antes, mas essa era que mais lhe aflingia. Não pelo fato de se sentir incompleto, mas sim por ser algo completamente novo em si.
O sol já não brilhava, apenas as estrelas iluminavam o céu. As estrelas. Ela o havia ensinado sobre as estrelas e sobre os vários desenhos por elas feitos. Não havia momento melhor pra desejar que estivesse em sua companhia.
Ele risca o ar, e inconscientemente, só desenha uma palavra...
"Luna".
Mexico
Cabisbaixo, ele apenas observa. Aquela criatura que o "mima". Nem imagina que ele odeia fígado, mas mesmo assim o prepara. A criatura é tão atenciosa que não se deu ao trabalho de perguntar o que ele queria jantar.
Ele levanta e vai a geladeira em busca de um pouco d'água. Volta a mesa e engole aos poucos o líquido. Ela vira-se com uma bandeja e diz: "Seu prato preferido está pronto!". Ele bate o copo na mesa com força, e o quebra. Sua mão está embebida em sangue. Ela vê a cena e exclama: "Vá limpar isso logo antes que suje minha mesa!"
"You could see me reaching,
So why couldn’t you have met me halfway
You could see me bleeding
But you could not put pressure on the wound...."
Está pasmo. Parado olha a expressão da criatura. Elá está falando sério. Ainda impressionado com a preocupação da criatura, ele vai cuidar do ferimento.
"You only think about yourself.
You only think about yourself."
Volta a mesa. Sua mão está enfaixada. Ela indaga: "Ei, o que foi isso na sua mão?". Ele sente vontade de esmurrá-la, mas infelizmente sua mão está ferida. "Machuquei no futebol...". Levanta-se, não vai conseguir comer com a mão daquele jeito, muito menos comer o seu "prato favorito". Ele não consegue acreditar...
"Você não vai comer?! Então quer dizer que eu preparei isso tudo pra nada?! Que ingratidão!"
"Você já parou pra perguntar se EU quero comer essa porcaria?! Você já se perguntou se eu quero ficar aqui?! Veja se você me faz querer ficar..."
Os insultos continuam, e nenhum sinal de paz. Então ele desiste. Para de falar, mas continua a ouvir. Vai ao quarto, põe suas coisas numa mala e volta a sala.
"Só vou perguntar mais uma vez: você vai mudar ou não?" Diz ele.
"MUDAR?! QUEM DISSE QUE EU QUERO MUDAR?! QUEM TEM QUE MUDAR AQUI É VOCÊ! VOCÊ ACABA COM A MINHA PAZ!"
"Pois então fique com sua paz, pois eu estou indo. Não me procure."
Ele sai fechando a porta com força, caminha até a estação, pega sua passagem e embarca no trem.
"You only think about yourself.You only think about yourself...You’d better bend before I goOn the first train to Mexico....."
O trem parte...
