Sunday, March 05, 2006

Nice To Know You

Era fim de outono. As folhas amarelas já sucumbiam a gravidade, os ventos eram mais frios e a esperança de um inverno bom crescia. Apesar da mudança estar óbvia, continuava tudo na mesma. As mesmas ruas, casas, calçadas e carros. Tudo parecia estar igual. Parecia...
Caminhava normalmente, decidiu andar um pouco mais para chegar em casa. Afinal, era sexta-feira. Precisava de um descanso. A caminhada começava a ficar cansativa em vez de prazerosa. Eis que algo lhe chama atenção. Melhor, alguém.
Seus cabelos negro-azulados dançavam com o vento que insistia em jogá-los cobre seu rosto. Um divino rosto. Agitava delicadamente enquanto tentava se concentrar num livro que se encontrava em uma das mãos. Na outra um copo de milk-shake que mecanicamente era levado a sua boca. Ela estava muito concentrada no livro. E ele nela. Três passos foram suficientes para que os se chocassem e chegarem ao chão juntos.
-
Ah meu deus! Me desculpa, é que eu tava concentrada no meu livro e...
- Sem problema -
ele interrompe
- eu que tava muito distraído...
- Caramba, sujei você todo de milk-shake! Eu num acho que você vai gostar de ficar andando cheirando à ovo-maltine por ai, vai!?

- É meu sabor preferido -
respondeu com um pequeno sorriso no rosto.
Um pequeno sorriso escapa por entre seu lábios, que logo se agitam novamente.

- Mas me deixa limpar isso, vamos lá em casa! Ordenou ela com o rosto corado.
Ele perdeu a oportunidade de dizer algo quando ela o puxou pela manga e o arrastou até sua casa.
Sem camisa, estava ele sentado no sofá da casa dela enquanto ela colocava sua camisa na máquina de lavar. Ainda não tinha processado bem a situação, mas ao que parecia, a linda garota o levara para sua casa. Ouviu passos, ela voltava.
- Ah - fala enquanto se joga na parte inocupada do sofá -
não se preocupe que meus pais só chegam pela noite, ninguém vai aparecer e pensar coisas erradas com você ai sem camisa. Heh.
- Heh, é, acho que ainda não tive oportunidade mas, meu nome é Sérgio, e o seu?
- Eita, que cabeça a minha, eu sou Mariane, prazer Sérgio.
Um belo sorriso brotou em seu rosto.
-
O prazer é todo meu...

Aquela tarde foi muito interessante para os dois, conversaram por horas que até esqueceram do tempo e dos compromissos. Acabaram por sair juntos pra jantar aquela noite. Viam-se diariamente, e mais encontros, e cinco dias após o milk-shake, havia começado um belo relacionamento que parecia que ia durar. Parecia...


O inverno acabou.



Setembro, 19. Seu aniversário.
Estava feliz, havia planejado todo o dia: Acordava, ouvia os parabéns da família, tomava um banho, e saia logo em seguida ao seu encontro. Passariam o dia todo juntos. E ele teria o aniversário que sempre quis.
Teria...
Já passara das da dez da manhã, ela estava quinze minutos atrasada. Finalmente, ela chega. Ele se caminha em sua direção com um enorme sorriso no rosto. Estava quase saltitando. Ela não, estava séria, e caminhando devagar. Sua expressão de felicidade foi bruscamente substituída por um híbrido de medo e ansiedade. Ela, mudando de semblante para um mais simpático, tomou iniciativa.
-
Oiii, feliz aniversário! Abraçando-o.
- Oi-o-obrigado...
- E então, o que planejou para nós hoje?
Ela aparenta estar animada.
- Na-nada de mais, só almoço e caminhada - Ele disfarça, e também finge estar animado -
Mas vamos logo que a senhorita já desperdiçou quinze minutos do nosso dia!

Almoçaram e passsaram a tarde toda abraçados no parque que se conheceram. Que nostalgia. Era hora de ir, ele queria ficar mais tempo, furar a tal festa surpresa que haviam planejado para ele e continar ali com ela, e mais ninguém, a sós, juntos. Mas ela insistia. E ele cedeu.
Chegaram no fim da rua, ele seguia para norte, e ela para oeste. Beijaram-se, e antes que começassem a se separar, ele falou.
- Então, meu pais vão passar o dia fora amanhã, que tal pegar uns filmes e fazer uma sessão cinema em casa amanhã? - O semblante dela perdeu toda a felicidade naquele instante, ficou sério e frio.
- Não dá...
- Então, que tal próxima semana?
- Também não vai dar... Porque...
- Por que o que?
- É que... É que meu pai conseguiu uma promoção e vai mudar de emprego, e nós vamos mudar.
- Ah, então vocês vão morar em outro bairro?
- Em outra cidade... -
Boom! Seu mundo desabou, estava pasmo e paralisado. Não conseguiu reagir. Ela o abraçou. Interrompeu, e disse enquanto se afastava.
- Foi bom te conhecer, adeus.

Ele continuou ali, imóvel, parecia não estar vivo, enquanto a via se afastar lentamente, e depois correndo. Dez minutos depois começou a chover, ele deixou a cabeça ceder a tentação da gravidade. Cabisbaixo, palavras escaparam por entre seus lábios.

- Goodbye... Nice to know you...

Wednesday, March 01, 2006

No Paper Mache

[Rodrigo]-Então... A que ponto chegamos?
[Innervoice]-Me diga você a que ponto você chegou.
-Ao de interrogação, creio. Nada mais soa certo, há sempre uma dúvida, uma contradição. Nada além do passado está fixo e inalterado. Bem, isso me dá a chance de escolher o que virá, isso é bom certo?
-Se você acha que estar inseguro, não ter um chão firme pra caminhar nem ao menos uma meta a seguir, bem, eu diria que era ótimo. Ótimo pra se fuder.
-Ma-mas, o que eu faço? Como eu vou descobrir o que fazer? Eu não sou advinho!
[Jake]-Você não vai descobrir, muito menos advinhar. Vai ouvir a si mesmo e criar o que é melhor pra você.
-Ouvir a mim mesmo? Você está me zoando né? Já não basta estar discutindo com criações minhas, com meus próprios auter-egos?
[Ram]-Ao meu ver, você só está agindo como uma criança humana, ignorante e teimosa, que só interessa o seu próprio rabo.
-... E até agora vocês não ajudaram em nada.
[Seph]-Qualé, se você continuar ranzinza assim ai é que a gente num vai fazer porra nenhuma, puto.

-M-ma...
-Mas nada, você ta na merda e não vai ficar ai até virar adubo.
-Espera ai, eu já estou falando com vozes da minha cabeça e sendo completamente humilhado por elas, pior não pode ficar.
-*Soco* Nunca diga que não pode piorar, se não vou ser forçado a te provar isso da pior maneira.
-Então prova...
-Você pode continuar assim o resto da vida.
-*Engole seco* Então... por onde começamos?
-Começamos pelo fim. Onde você quer chegar.
-Bem. Na verdade, eu só quero paz, podeer ter onde descansar e relaxar sem nenhum preocupação. No perfeito mundo ideal a la Yoh Asakura.
-Alguma idéia de como chegar a isso?
-Montando uma banda! Bandas sempre ajudam.
-Eu não teria dedicação suficiente pra isso...
-Primeiro passo: Se dedicar ao máximo. Não era você que dizia "Nunca Desista!"?
-Também era eu que dizia que toda garota era boa, fiel e de confiança...
-Segundo passo: Não se menosprezar. Pense pequeno e será pequeno, pense grande e será grande.
-Também não viaje demasiadamente em ideais e utopias, principalmente àquelas relacionadas a fêmeas.
-Tarde demais, isso eu já percebi sozinho...
-Já é um avanço... Voltando, onde você acha que estraga tudo?
-Na minha timidez com certeza.
-Terceiro passo: Misture tudo e ponha numa tigela e... opa... Criar coragem, deixar a timidez de lado e não ter medo de nada. é Preferível ganhar uma vaia ou tapa na cara do que perder uma chance.
-Alguma idéia do motivo de toda essa timidez, desde que com seus amigos não há problema algum desse tipo?

-Medo da rejeição... Desde que já me aceitaram, não há barreira que não tenha sido ultrapassada.
-E para barreiras você deve...
-*Unissom* Arrombá-la com tudo! Arrombá-la com tudo!
Arrombá-la com tudo!
-...
enfrentá-la, fazer com que ela se disfaça pra que você possa seguir caminho.
-Isso tá muito com cara de terapia, não de uma auto-reflexão psicológica construtiva.
-Pra quem fala com suas próprias personalidades, uma terapia ainda é pegar leve demais, gênio.
-... Eu acho que estou chegando na conclusão mas... o que me interessa é o agora.

-O de sempre, se organize. Faça o que tem de ser feito, adiante o que há pra fazer.
-
Tenha Perseverança.
-Seja Realista.
-Se divirta porra!
-Anything else?
-You should make amends with you, if only for better health. But if you really want to live, why no try and make yourself?